9 de março de 2013

Carro-de-Boi

Rogério sempre soubera que via as coisas de forma um pouco diferente da de seus compatriotas e contemporâneos. Ele não acreditava naquela baboseira toda de religião e Cristo, sabia que os fatos de viver eram muito diferentes.

Pensava que devia ser como era para os animais: uma vida de antolhos, frente à parede imediata do dia seguinte. “Estou com fome”, “estou com frio”, “morro”. Ou será que “morro” não? De qualquer forma, uma vida de instante e inconsciente.

O que não queria dizer, é claro, que não houvesse energia, que não houvessem também outras coisas invisíveis e que o homem ainda não explicava, como por exemplo, o que ocorria com a energia de um corpo vivo depois que esse morria?

Era uma pergunta que se fazia com muita freqüência, e não sem colocar sobre ela algum peso que levaria sua vida. (Levava sua vida como bois levam o carro.) (O peso levava sua vida.) Se fazia com muita freqüência e se respondia aos pouquinhos. E sem parar. Um dia concluiu.

Concluiu sem saber, quero dizer. Daquele jeito de concluir essas perguntas que se fazem a vida toda, é uma coisa meio calada e paisagística, embora tão drasticamente fundamental. Sem saber, concluiu que para algum lugar a energia ia. Tinha que ir. E logo depois pensou: posso escolher para onde. Posso determinar meu próprio “futuro” póstumo, ou o mais perto de futuro que um morto podia ter – segundo ele!

E foi assim que ele decidiu se voluntariar ao sacrifício em um ritual satânico.

2 comentários:

Anônimo disse...

:)
Oi Bárbara, fiquei feliz em ler outro texto, mesmo pequinininho, é cheio de significado! Já pensei tantas vezes em viver esta vida imediata.... acho que muitos vivem de forma inconsciente, pouco acima do nível animal. E não me excluo necessariamente deste grupo..... embora uma vida sem abstração ser muito esquisita.
"Alguma coisa errada."
Se a energia vai para algum lugar, por que escolher isto?
O satanismo moderno (materialista) ñ concorda muito com o sacrifício desta forma... já que ñ existe outro Deus além de si mesmo, por que sacrificar outra pessoa? Já o satanismo tradicional... é alguma coisa errada.

Se Rogério morreu, sua energia provavelmente ficou presa neste post..... Vive matando seus personagens, hein? :p
Vale uma continuação....

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.... que rogério BURRO!