Eu faço
estágio em um pequeno escritório onde circulam pessoas variadas com
diversos objetivos. A sala que ocupo é uma adjacência do salão
central, e nela trabalho a sós. Há uma janela, com uma bela e vasta
vista, que sempre abro para que o ar circule.
Naquele
dia eu tinha uma grande tarefa a concluir e trabalhava efusivamente,
mas não havia deixado de notar que as cortinas, livros e papéis se
agitavam anormalmente – o vento, sempre agradável, deveria estar
um pouco mais vigoroso.
Continuei
muito concentrada em minha produção, sentada à mesa, quando ouvi
um tipo de balbucio. Olhei para a porta e lá estava uma de minhas
colegas de trabalho. Como nas vezes anteriores imaginei que ela
vinha, acompanhada de outras, buscar algumas cadeiras – aquele era
um grupo de mulheres, em suas meia-idades, que se reunia
semanalmente.
Porém não pude ter certeza de que era mesmo isso o que ela queria, e receio nunca descobrir. Não consegui ouvir o que ela dizia, apesar do aparente esforço que a expressão em seu rosto suscitava, e reparei ainda que por algum motivo ela se agarrava ao batente da porta. As outras que vinham atrás dela também carregavam expressões contorcidas e se agarravam a pilastras e estantes.
Porém não pude ter certeza de que era mesmo isso o que ela queria, e receio nunca descobrir. Não consegui ouvir o que ela dizia, apesar do aparente esforço que a expressão em seu rosto suscitava, e reparei ainda que por algum motivo ela se agarrava ao batente da porta. As outras que vinham atrás dela também carregavam expressões contorcidas e se agarravam a pilastras e estantes.
Foi então
que me dei conta de que o vento estava realmente forte, soprando seus
cabelos e inclusive os meus também. No entanto, a corrente que
passava pela porta deveria estar ainda mais forte, pois de repente
minha colega foi suspensa do chão e lançada para trás, logo
acompanhada pelas restantes. As mulheres atravessaram o salão voando
e invadiram a sala seguinte, onde havia um ventilador de teto
funcionando – o que achei desnecessário – e uma outra janela,
aberta e muito grande. Além disso não pude mais nada constatar,
pois logo atrás delas a porta se fechou com um violento estrondo.
Nesse
momento senti que o vento diminuiu sua ira, o que serviu para me
tranqüilizar. Assim, tendo feito alguma observação corriqueira
sobre o que havia testemunhado, eu logo pude prosseguir em minha
árdua e absorvente tarefa.
2 comentários:
Olá B! Esse evento foi só o início do que escrevi para você.
Kira.
Aguardo o restante.
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